quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Pra quem gosta de looombra! Chame não.



O negócio aqui tá ficando chique. Ganhei mais um colaborador pro blognelson. Ui, to ficando metida... e dessa vez o texto é do filósofo e cientista religioso... notem que o texto tem até referências... kkkkkkkk

Antônio José de Almeida ( o Neto)


O Xamanismo de Carlos Castaneda

Castaneda é um antropólogo de origem brasileira, formado na UCLA, aonde, com a ajuda de seus professores ClementMeighan e Harold Garfinkel, escreveu na década de 60 a obra Os Ensinamentos de Don Juan: Um Método Yaqui do Conhecimento (lançada em 1974), fruto de uma pesquisa etnográfica que durou 12 anos acerca da utilização de plantas de poder por um feiticeiro Yaqui chamado Don Juan Matus. Castanheda, vale salientar, houvera escolhido tal tema para sua pesquisa por se sentir ainda fortemente ligado às suas raízes sul-americanas, a qual resolveu resgatar estudando aos aspectos sagrados da cultura dos índios mexicanos.

O que ele não previu é que acabaria ele mesmo sendo iniciado na tradição que se propusera estudar, tornando-se portanto um xamã, mais especificadamente um Nagual, palavra nauatle que siguinificaguia, líder.Castaneda tornara-se portanto um mestre na tradição conhecida como nagualismo, conjunto de técnicas mágicas deixadas como legado pelos antigo povo tolteca de Teotihuacan à humanidade (cidade arqueológica cujo nome significa literalmente, a “cidade onde os homens viram deuses”).

Os primeiros anos de sua convivência com o velho nagual, Don Juan, foram marcados pelo constante uso dos psicotrópicos (Castaneda, 1974): peiote (Lophophorawilliamsii); estramônio (Datura inóxia) e um cogumelo (Psilocybe mexicana).Através do uso de tais plantas é possível entrar num estado alterado de consciência chamado de por don Juan simplesmente de o trabalho de “Ver”. Mas como a saúde é prejudicada devido ao uso dos psicotrópicos, com o tempo o uso de alucinógenos fora substituído por técnicas alternativas para alterar o estado de consciência chamadas de “não-fazeres”, que recebem este nome por terem o intuito de parar intencionalmente com os “fazeres”, isto é, os atos que constituem as rotinas do cotidiano.Parar os “fazeres” corresponde ao que don Juan chamava de “parar o mundo”,isto é, causar uma mudança proposital nas rotinas do cotidiano. Tais técnicas eram divididas em dois grupos: as técnicas de “espreita” e as de “sonhar”, a primeira consiste em alterar o estado de consciência em estado de vigília, por meio do controle estratégico do comportamento, já a segunda utiliza-se do período sono, que se submetido a um treinamento dá acesso aos chamados “sonhos lúcidos”, no qual o sonhador tem a consciência de estar sonhando.

Paralelamente à “espreita” e ao “sonhar” Castanheda fora apresentadoa duas outras técnicas de grande importância: à“recapitulação” e aos “passes mágicos” (Castaneda, 1998). A primeira consiste em trazer à consciência eventos do passado nos seus mínimos detalhes, a fim de criar um “outro eu” que resguardasse todas essas memórias.Por “outro eu” deve se entender outro corpo, não físico, mas sutil, moldado a partir do chamado “corpo energético”, espécie de casulo ovóide no qual está inseridoo corpo físico. O “corpo energético” pode ser observado em estado de consciência alterada pelos xamãs.No seu estado natural,Don Juan dá a ele o nome de “ovo luminoso”, mas após moldado pela técnica de “recapitulação” ele passa a ser denominado “o duplo”, pois neste estado ele assume a mesma forma do corpo físico aparentemente duplicando-o. Já os “passes mágicos” consistem numa série de exercícios físicos, os quais servem para redistribuir e incrementar a energia dos “corpos energéticos”, resultando num maior grau de vitalidade e bem-estar para seu praticante.

Castaneda recebeu, portanto, todo um treinamento técnico para se tornar um “homem de conhecimento”, isto é, um feiticeiro tal qual seu mestre Don Juan, mas conjuntamente a por em pratica as técnicas aprendidas lhe foi incumbida a tarefa de encontrar um “aliado” e formar um grupo de “guerreiros para a liberdade total” (Castaneda, 1981). O “aliado” deveria ser um “ser inorgânico”, criatura que possui uma consciência, mas não um corpo físico, que é perceptível apenas no estado de consciência alterada. Os “seres inorgânicos” possuem um “corpo energético” alongado como um cilindro, contrapondo-se aos “corpos energéticos” dos “seres orgânicos”, tal qual o homem, cujo “corpo energético” apresenta um formato ovóide.Já quanto ao grupo que Castaneda deveria formar, este compor-se-ia de um total de 18 pessoas, entre homens e mulheres, que, tal qual ele, seriam também iniciadas no nagualismo. Don Juan possuía também o seu próprio grupo, cujos componentes foram aos poucos sendo apresentados a Castaneda, tais grupos eram compostos por um homem naguale uma mulher nagual, que apresentam um corpo energéticosubdividido em quatro compartimentos, seguidos pelos tonais, cujo “corpo energético” subdividi-se apenas em dois compartimentos, possuindo portanto uma quantidade de energia disponível inferior a dos naguais.O nagualCastaneda apresentava entretanto apenas três subdivisões em seu corpo energético, o que implicava que ele não teria energia suficiente para dar continuidade à linhagem de seu mestre mediante a tomada de discípulos, ou seja, o grupo de Castaneda estava destindo a ser o último de uma tradição que atravessara várias gerações.

Castaneda fundou a Clear Green em 1992, uma instituição que tinha por finalidade promover a pratica dos passes mágicos, também conhecidos como tensegridade. Escreveu 12 obras durante a sua vida aonde relatara sempre a sua formação xamânica junto ao grupo de Don Juan e veio a falecer em 1998, vítima de câncer. O ultimo ensinamento que Don Juan lhe transmitira fora a revelação da existência de “seres inorgânicos” que parasitam os seres humanos, os tornando seres inferiores ao que são em natureza. Só aqueles que vivem como guerreiros seriam capazes de enfrentar tais criaturas, a fim de terem energia suficiente para perceberem,quando intentarem, o mundo em estado alterado de consciência, até que chegue o momento da sua morte e o guerreiro possa se lançar numa viagem definitiva de percepção (Castaneda, 2001).

Referêcias:

CASTANEDA, Carlos. A erva do diabo (Theteachingof Dom Juan, 1968). Trad. Luzia Machado da Costa. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1974.

_________________O presente da Águia (Theeagle’sgift, 1981). Trad. Vera Maria Whately. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1981.

_________________Passes mágicos. A sabedoria prática dos xamãs do antigo México (Magical passes, 1998). Trad. Beatriz Penna. Rio de Janeiro: Ed. Record, Nova Era, 1998.

_________________O lado ativo do infinito. Ensinamentos de dom Juan para enfrentarmos a viagem definitiva(Theactivesideofinfinity, 1998). Trad. Helena Soares Hungria. Rio de Janeiro: Ed. Record, Nova Era, 2001.

Nenhum comentário: